domingo, julho 01, 2007

Leon Walrás - Teorias de Valor - Leitura anotada








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[1] (Conf. Leon Walras (1834-1910) - in "Compêndio dos Elementos de Economia Política Pura".


Tradução de João Guilherme Vargas Netto. São Paulo. Ed. Abril. 1983.


Série (Os Economistas)




(pag. 99): Ao refutar a teoria de valor de A. Smith, o Sr. Leon Walrás /Escola de Lauseane:




"Essa teoria em geral tem sido mal refutada. Ela consiste essencialmente na asserção de que todas as coisas que valem e que se trocam são trabalho sob uma ou outra forma; que o trabalho constitui, e apenas ele, toda a riqueza social. Dito isso, mostram-se a A. Smith coisas que valem e que se trocam e que não são trabalho, e outras coisas, além do trabalho que constituem riqueza social. Mas essa resposta é pouco filosófica. Que apenas o trabalho forma toda a riqueza social ou que ele forma apenas uma espécie, isso pouco nos importa por ora. Num caso ou noutro, porque o trabalho vale e é trocado? Eis a questão que nos preocupa e que A, Smith nem colocou e nem resolveu. Ora, o trabalho vale e é trocado porque ele é simultaneamente útil r limitado em quantidade, porque é raro. O valor decorre pois da raridade e todas as coisas que forem raras, haja ou não outras além do trabalho, valerão e serão trocadas como o trabalho. Desta forma, a teoria que põe a origem do valor no trabalho é menos uma teoria muito estreita que uma teoria complemente vazia".

Quanto à segunda solução, eis em que termos J.B. Say a forneceu: "porque a utilidade de uma coisa faz com que essa coisa tenha valor? - Porque a utilidade que ela tem a torna desejável e impele os homens a fazer um sacrifício para possui-la. Não se dá nada para se ter o que nada presta, mas dá-se certa quantidade de coisas de que se possui (certa quantidade de moedas de prata, por exemplo) para se obter a coisa que se tem necessidade. É isso que faz o seu valor".

E continuou: "Aqui há na realidade uma tentativa de demonstração, mas muito infeliz, deve-se confessa-lo. "A utilidade de uma coisa a torna desejável". Certamente. "Ela impele os homens a fazer sacrifícios para possui-la". Isso, depende: ela só os impele a fazer tal sacrifício se eles não podem obte-la sem isso. "Não se dá nada para se ter o que não presta". Sem dúvida. "Mas dá-se certa quantidade de cosas que se possui para obter a coisa da qual se tem necessidade". Com uma condição: que não se possa obte-la sem dar nada em troca. A utilidade não basta, pois para criar o valor: é ainda preciso que a coisa útil não exista em quantidade ilimitada, que seja rara. Esse raciocínio é confirmado pelos fatos. O ar que se respira, o vento que infla as velas dos navios e faz girar os moinhos, a luz do sol que nos ilumina e seu calor que amadurece as plantações e ou frutos, a água e o vapor que ela fornece desde que aquecida, muitas outras forças da natureza são úteis mesmo necessárias. Entretanto, não tem valor. Porque? Porque são ilimitadas em quantidade, porque cada um de nós pode obte-las quando elas existem, tanto quanto queira, sem nada dar, sem fazer troca ou nenhum sacrifício. (....) Infelizmente, há casos em que o ar, a luz, a água são pagos: quando, excepcionalmente são raros".



Resta assim a teoria da raridade, enunciada de maneira excelente por Burlemaqui (Elementos do Direito Natural): "Os fundamentos do preço próprio e intrínseco são primeiramente, a aptidão que as coisas tem para servirem à necessidades, às comodidades ou aos prazeres da vida, numa palavra, sua utilidade e sua raridade. Digo primeiramente sua utilidade e entendo isso não apenas como utilidade real, mas também a que não passa de arbitrária ou de fantasia, como as pedras preciosas; daí decorre que se diga comumente que uma coisa que não tem uso é de preço nulo. Mas apenas a utilidade quão real ela seja, não basta para dar preço às coisas. É preciso ainda considerar sua raridade, isto é a dificuldade que se tem obter essa coisas e que faz com que cada qual não as possa facilmente obter quanto se queira. Porque em vez de ser a necessidade que se tem de uma coisa que decide seu preço, vê-se comumente que as coisas mais necessárias à vida humana são aquelas que custam mais barato, como a água comum".



E finalizou: "A raridade apenas também não é suficiente para dar um preço às coisas, é preciso que tenham ademais, alguma utilidade. Como são esses os verdadeiros fundamentos do preço das coisas, são também essas mesmas circunstancias combinadas diferentemente que aumentam ou o diminuem. Se a moda de uma coisa passa ou poucas pessoas fazem caso dela, imediatamente se torna barata, não importa o quanto tivesse sido cara anteriormente. Se uma coisa comum, ao contrário, que não custava nada ou muito pouco. Torna-se um pouco rara, começa logo a ter um preço e, algumas vezes, até m, mesmo um preço alto, como acontece por exemplo, com a água em lugares áridos ou, em certo período, durante um cerco ou uma navegação, etc. Em uma palavra, todas as circunstancias particulares que concorrem para a alta do preço podem ser relacionadas à sua raridade. Tais são as dificuldades de uma obra, sua delicadeza, a reputação do operário. Pode-se relacionar à mesma razão aquilo que se chama preço de inclinação ou de afeição quando alguém estima uma coisa que possui além do preço que se lhe dá comumente, e isso por uma razão particular. Por exemplo se ela serviu para tira-lo de um grande perigo, se ela é um monumento de algum acontecimento notável, se é um atributo de honra, etc ". -- Essa é a doutrina da raridade, completa Walras..


[1] (Conf. L. Walras - Op. Citada, p.19): "Digo que as coisas existem à nossa disposição apenas em quantidade limitada dado que elas não existam em quantidade tal que cada um de nós possa encontra-las ao alcance e à vontade para satisfazer inteiramente a necessidade que se tem delas. Há no mundo certo número de utilidades que, desde que não faltem complemente, existem à nossa disposição em quantidade ilimitada. Assim, o ar atmosférico, a luz e o calor do sol, quando o sol brilha, a água às margens dos lagos, dos rios e dos riachos são encontrados em tal quantidade que não podem fazer falta a ninguém, cada um podendo mesmo deles tomar quanto queira. Essas coisas, que são úteis, não são em geral raras e não fazem parte da riqueza social; excepcionalmente podem passar a sê-lo e então passam a fazer parte dessa riqueza".

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