domingo, julho 01, 2007

Leituras anotadas - David Ricardo




Anotado I - sobre a renda da Terra.


Foto e biografia:
[1] David Ricardo (1772-1823) - Corretor de Bolsa, conseguiu fazer imensa fortuna. A partir de 1799, após a leitura da Riqueza das Nações, consagra-se a estudos profundos sobre os princípios da ciência econômica.

Segundo comenta Paul Hugon, a propósito da sua teoria da renda

"O homem tendo possibilidade de escolha, ocupou para o cultivo em primeiro lugar as terras mais férteis,. O preço de custo, em todas essas fertilíssimas terras é um único para qualquer de seus proprietários. Estes vendem o produto, que é da mesma qualidade, ao mesmo preço. Realizam um lucro igual para todos: Não há renda. Mas. De acordo com a teoria de Malthus, a população aumenta. Para nutri-la novas terras são lavradas. E, como as cultivadas em primeiro lugar eram melhores ( e limitadas), por hipótese a sua quantidade , as que vão ser exploradas em seguida, são de fertilidade inferior. Para essas terras de segunda categoria, o preço de custo dos produtos será mais elevado. Este preço de custo constituirá o regulador do preço de venda, porque, em função da lei da unidade de preços, ou da indiferença, em um mesmo mercado não pode haver em dado momento senão um único preço para produtos de qualidade semelhante. Se o preço de venda fosse inferior ao de custo do produto destas terras, deixariam estas de ser cultivadas, o que não é possível, pois, a cultura destas foi ditada pelo aumento da procura dos produtos alimentícios em conseqüência do aumento da população. Os proprietários das terras de primeira categoria, vendem, portanto seus produtos por preço igual aos dos produtos das terras se segunda ordem. Obtém com isso, um lucro suplementar, independente do trabalho e do capital consagrado à produção. A renda nasceu no dia em que esse lucro foi obtido. Os preciso continuam a subir. As terras de terceira categoria passam a ser exploradas; e por serem menos férteis, implicam um preço de custo mais elevado que os das de primeira e segunda categorias.. Os preços de venda dos produtos das terras das duas primeiras se elevarão, portanto, para se ajustarem aos preços dos produtos das terras de terceira categoria, e assim por diante.
Essa renda devida à diferença de preços de custo para terras de fertilidade decrescente, é chamada renda diferencial.
Considerando o momento em que todas as terras estejam sendo exploradas, haverá alta geral de preços porque a população continua a aumentar. Esta alta vai proporcionar aos proprietários das terras exploradas em último lugar (as terras marginais), uma renda suplementar, isto é uma renda que não provém do fato de passar a explorar terras de fertilidade inferior. Não se trata de renda diferencial, mas de renda absoluta, que se chama renda de monopólio". (...) O total da venda dos produtos agrícolas se divide em três partes: Uma, é destinada aos proprietários territoriais. É a renda. A segunda, remunera o trabalho: é o salário. A terceira, paga os capitalistas: É o juro, a que Ricardo chama lucro. A medida em que aumenta esse total, a parte atribuída à renda, as reservas ao salário e ao lucro diminuem. Segundo Hugon, há controvérsia. Stuart Mill, diz ele, evitará esse erro, mostrando ser perfeitamente possível produzir a terra uma renda, afora a hipótese de diferença de fertilidade. No caso, por exemplo, de se tornar necessária à cultura toda a terra do País, esta, qualquer que fosse a sua qualidade, daria uma renda. Ricardo entreviu apenas o efeito da raridade na formação da renda. E por essa razão não atribuiu a devida importância ao fenômeno da renda absoluta.

Leituras anotadas - Adam Smith


Adam Smith - (1723-1790)
Anotado I - Sobre as terras comunais
"No momento em que toda a terra de um país se tornou propriedade privada, os donos das terras como quaisquer outras pessoas, gostam de colher onde nunca semearam, exigindo uma renda, mesmo pelos produtos naturais da terra. A madeira de uma floresta, o capim do campo e todos os frutos da terra, os quais, quando a terra era comum de todos, custavam ao trabalhador apenas o trabalho de apanha-los, a partir dessa nova situação tem seu preço onerado por algo mais, inclusive para o trabalhador. Ele passa a pagar pela permissão de apanhar bens, e deve dar ao proprietário da terra uma parte daquilo que seu trabalho colhe ou produz"....

(Conf. Adam Smith - in "Fatores que compõem o preço das mercadorias" - A Riqueza das Nações - São Paulo. Ed. Abril. Série "Os Economistas". V. 1 - pg.79)
Anotado II - Sobre as componentes: renda da terra, lucro e trabalho



"O aumento da quantidade de gado e o aprimoramento das terras são duas coisas que devem andar de mãos dadas, sendo que uma nunca deve avançar mais do que a outra. Sem algum aumento da quantidade de gado, dificilmente haverá qualquer melhoria da terra, mas só pode haver um aumento considerável da quantidade de gado apenas em conseqüência de um melhoramento considerável da terra; porque de outra maneira, a terra não poderia mante-lo. Esse obstáculos naturais à implantação de um sistema melhor só podem ser eliminados por um longo período de economia e trabalho; talvez seja necessário meio século ou um século inteiro para focar abolido no país inteiro o velho sistema, que se está desgastando progressivamente. (...) Evidentemente em nenhum país as terras podem ser complemente cultivadas e aprimoradas, antes que o preço de cada produto nelas cultivadas seja tão compensador que pague as despesas de todo melhoramento e cultivo. Para isso, o preço de cada produto específico deve ser suficiente, em primeiro lugar para pagar a renda de uma boa terra para cereais, já que é esta que regula a renda da maior parte de outras terras cultivadas; em segundo lugar, deve ser suficiente para pagar a mão de obra e as despesas do arrendatário, com a mesma compensação garantida por uma terra em que se cultivam cereais; em outras palavras, o preço do p[reduto deve ser suficiente para repor, juntamente com o lucro normal, o capital empregado na terra pelo arrendatário. (....) Se o aprimoramento e o cultivo constituírem -- como certamente constituem -- a maior vantagem pública, esse aumento do preço de todos os tipos d produtos naturais da terra, ao invés de ser considerado calamidade pública, deve ser visto como o percursos necessário e responsável pelas maiores de todas as vantagens públicas".
("A Riqueza das Nações" - Ed. Abril. São Paulo. 1983 - Série "Os economistas" p. 204)

Leituras anotadas - Karl Marx

Sobre a Lei de Ferro dos Salários


Marx, K. – in: - “A lei geral da acumulação capitalista”. O Capital - São Paulo. Ed. Abril Cultural. 1983. Vol .1 Tomo 2. - p.209): “

Essa é a Lei absoluta geral da acumulação capitalista. Como todas as outras leis, é modificada em sua realização por variegadas circunstâncias, cuja análise não cabe aqui. Compreende-se a insanidade da sabedoria econômica, a pregar aos trabalhadores o ajuste de seu número às necessidades de valorização do capital. O mecanismo de produção e acumulação capitalista ajusta constantemente esse número a essas necessidades de valorização. A primeira palavra desse ajustamento é a criação de uma superpopulação relativa, ou exército industrial de reserva; a última palavra, a miséria de camadas sempre crescente do exército ativo de trabalhadores e o peso morto do pauperismo.

Leon Walrás - Teorias de Valor - Leitura anotada








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[1] (Conf. Leon Walras (1834-1910) - in "Compêndio dos Elementos de Economia Política Pura".


Tradução de João Guilherme Vargas Netto. São Paulo. Ed. Abril. 1983.


Série (Os Economistas)




(pag. 99): Ao refutar a teoria de valor de A. Smith, o Sr. Leon Walrás /Escola de Lauseane:




"Essa teoria em geral tem sido mal refutada. Ela consiste essencialmente na asserção de que todas as coisas que valem e que se trocam são trabalho sob uma ou outra forma; que o trabalho constitui, e apenas ele, toda a riqueza social. Dito isso, mostram-se a A. Smith coisas que valem e que se trocam e que não são trabalho, e outras coisas, além do trabalho que constituem riqueza social. Mas essa resposta é pouco filosófica. Que apenas o trabalho forma toda a riqueza social ou que ele forma apenas uma espécie, isso pouco nos importa por ora. Num caso ou noutro, porque o trabalho vale e é trocado? Eis a questão que nos preocupa e que A, Smith nem colocou e nem resolveu. Ora, o trabalho vale e é trocado porque ele é simultaneamente útil r limitado em quantidade, porque é raro. O valor decorre pois da raridade e todas as coisas que forem raras, haja ou não outras além do trabalho, valerão e serão trocadas como o trabalho. Desta forma, a teoria que põe a origem do valor no trabalho é menos uma teoria muito estreita que uma teoria complemente vazia".

Quanto à segunda solução, eis em que termos J.B. Say a forneceu: "porque a utilidade de uma coisa faz com que essa coisa tenha valor? - Porque a utilidade que ela tem a torna desejável e impele os homens a fazer um sacrifício para possui-la. Não se dá nada para se ter o que nada presta, mas dá-se certa quantidade de coisas de que se possui (certa quantidade de moedas de prata, por exemplo) para se obter a coisa que se tem necessidade. É isso que faz o seu valor".

E continuou: "Aqui há na realidade uma tentativa de demonstração, mas muito infeliz, deve-se confessa-lo. "A utilidade de uma coisa a torna desejável". Certamente. "Ela impele os homens a fazer sacrifícios para possui-la". Isso, depende: ela só os impele a fazer tal sacrifício se eles não podem obte-la sem isso. "Não se dá nada para se ter o que não presta". Sem dúvida. "Mas dá-se certa quantidade de cosas que se possui para obter a coisa da qual se tem necessidade". Com uma condição: que não se possa obte-la sem dar nada em troca. A utilidade não basta, pois para criar o valor: é ainda preciso que a coisa útil não exista em quantidade ilimitada, que seja rara. Esse raciocínio é confirmado pelos fatos. O ar que se respira, o vento que infla as velas dos navios e faz girar os moinhos, a luz do sol que nos ilumina e seu calor que amadurece as plantações e ou frutos, a água e o vapor que ela fornece desde que aquecida, muitas outras forças da natureza são úteis mesmo necessárias. Entretanto, não tem valor. Porque? Porque são ilimitadas em quantidade, porque cada um de nós pode obte-las quando elas existem, tanto quanto queira, sem nada dar, sem fazer troca ou nenhum sacrifício. (....) Infelizmente, há casos em que o ar, a luz, a água são pagos: quando, excepcionalmente são raros".



Resta assim a teoria da raridade, enunciada de maneira excelente por Burlemaqui (Elementos do Direito Natural): "Os fundamentos do preço próprio e intrínseco são primeiramente, a aptidão que as coisas tem para servirem à necessidades, às comodidades ou aos prazeres da vida, numa palavra, sua utilidade e sua raridade. Digo primeiramente sua utilidade e entendo isso não apenas como utilidade real, mas também a que não passa de arbitrária ou de fantasia, como as pedras preciosas; daí decorre que se diga comumente que uma coisa que não tem uso é de preço nulo. Mas apenas a utilidade quão real ela seja, não basta para dar preço às coisas. É preciso ainda considerar sua raridade, isto é a dificuldade que se tem obter essa coisas e que faz com que cada qual não as possa facilmente obter quanto se queira. Porque em vez de ser a necessidade que se tem de uma coisa que decide seu preço, vê-se comumente que as coisas mais necessárias à vida humana são aquelas que custam mais barato, como a água comum".



E finalizou: "A raridade apenas também não é suficiente para dar um preço às coisas, é preciso que tenham ademais, alguma utilidade. Como são esses os verdadeiros fundamentos do preço das coisas, são também essas mesmas circunstancias combinadas diferentemente que aumentam ou o diminuem. Se a moda de uma coisa passa ou poucas pessoas fazem caso dela, imediatamente se torna barata, não importa o quanto tivesse sido cara anteriormente. Se uma coisa comum, ao contrário, que não custava nada ou muito pouco. Torna-se um pouco rara, começa logo a ter um preço e, algumas vezes, até m, mesmo um preço alto, como acontece por exemplo, com a água em lugares áridos ou, em certo período, durante um cerco ou uma navegação, etc. Em uma palavra, todas as circunstancias particulares que concorrem para a alta do preço podem ser relacionadas à sua raridade. Tais são as dificuldades de uma obra, sua delicadeza, a reputação do operário. Pode-se relacionar à mesma razão aquilo que se chama preço de inclinação ou de afeição quando alguém estima uma coisa que possui além do preço que se lhe dá comumente, e isso por uma razão particular. Por exemplo se ela serviu para tira-lo de um grande perigo, se ela é um monumento de algum acontecimento notável, se é um atributo de honra, etc ". -- Essa é a doutrina da raridade, completa Walras..


[1] (Conf. L. Walras - Op. Citada, p.19): "Digo que as coisas existem à nossa disposição apenas em quantidade limitada dado que elas não existam em quantidade tal que cada um de nós possa encontra-las ao alcance e à vontade para satisfazer inteiramente a necessidade que se tem delas. Há no mundo certo número de utilidades que, desde que não faltem complemente, existem à nossa disposição em quantidade ilimitada. Assim, o ar atmosférico, a luz e o calor do sol, quando o sol brilha, a água às margens dos lagos, dos rios e dos riachos são encontrados em tal quantidade que não podem fazer falta a ninguém, cada um podendo mesmo deles tomar quanto queira. Essas coisas, que são úteis, não são em geral raras e não fazem parte da riqueza social; excepcionalmente podem passar a sê-lo e então passam a fazer parte dessa riqueza".

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